Belchior, sinônimo de gênio. Sim, talvez eu esteja exagerando. Mas, como diria um outro cantor genial, eu sou mesmo exagerado!
Fanatismos à parte, a obra de Belchior é repleta de frases que nos rementem a discussões filosóficas de alto nível. Vejamos o que nos diz esse pequeno trecho de Alucinação, um dos primeiros grandes sucessos do ilustre cearense:
Essa treta é velha, uma rixa antiga dos tempos de Parmênides e Heráclito, esses dois gregos que vieram antes de Sócrates. Enquanto o primeiro defendia que nossa essência não se altera, o segundo entendia que nossa essência era justamente a transformação, o vir a ser.
Passa Parmênides e Heráclito, pula Sócrates e chegamos a Platão e Aristóteles. Esses 2 gigantes da filosofia trouxeram muito mais lenha para essa fogueira. Platão dizia que a essência das coisas não estariam nelas mesmas e sim na ideia de cada coisa. Assim, para ele, a existência teria duas perspectivas: uma concreta, do mundo real e sensível e outra não material, do mundo das ideias e inteligível, sendo essa segunda, de uma certa maneira, prevalente sobre a primeira. Temos em Platão o conceito de transcendência.
Aristóteles diverge de Platão, ao apresentar argumentos lógicos que invalidam esse conceito de transcendência. Se as coisas existissem de fato em 2 perspectivas, deveria haver, portanto uma conexão entre a coisa e a ideia da coisa. Assim, em havendo essa conexão a coisa e a ideia da coisa, elas seriam, em verdade, uma coisa só.
Voltemos a Belchior. Em especial para o trecho de Alucinação.
Quando ele diz não estar interessado em nenhuma "tioria", entendo eu que temos uma crítica à dualidade platônica, o que é reforçado quando ele completa a frase afirmando sua "alucinação é suportar o dia a dia" e que o seu "delírio é a experiência com coisas reais".
Assim, para esse humilde ser pensante que vos fala, Belchior estava fechado com Aristóteles.
E você, o que me diz?
